No dia 23 de novembro de 2018, sexta-feira, eu e meu colega do Programa de Iniciação à Docência (Pibid), Filipe Junkes Nicolodelli, realizamos, com a turma 71 da EBM João Gonçalves Pinheiro, uma atividade referente à análise de documentos históricos. Depois dela, os alunos deveriam identificar, com base em aulas anteriores, e também com base em mapas, a intencionalidade das estruturas defensivas instaladas ao redor de Ilha de Santa Catarina, além das instaladas nela própria.
A demanda dessa oficina surgiu a partir da percepção de que os alunos precisavam compreender que a história não é algo perdido no passado, mas algo presente em seu dia a dia; deveriam, igualmente, identificar a conexão que diferentes fatos históricos têm entre si. A ideia que tivemos foi abordar o assunto da Invasão Espanhola da Ilha de Santa Catarina em 1777. Esse tema foi escolhido pelo fato de boa parte dos alunos haver participado, durante o ano, de uma oficina com o professor Aldonei Machado, na qual lhes haviam sido apresentadas as diferentes estruturas defensivas da ilha. Como fontes, utilizamos várias citações e mapas de época, encontrados no livro “As defesas da Ilha de Santa Catarina e do Rio Grande de São Pedro em 1786”, de José Correia Rangel (2017). A atividade, desenvolvida em duas aulas, foi dividida em três momentos. No primeiro, a aula foi expositiva e dialogada; no segundo, os alunos realizaram uma atividade e, no terceiro, realizamos novamente uma aula expositiva e concluímos a atividade.
O primeiro momento, como acima citado, foi planejado para ser uma revisão dos conteúdos geopolíticos do Brasil colonial já passados em aula, como, por exemplo, o Tratado de Tordesilhas, as Missões Jesuíticas, além da explicação mais aprofundada dos principais fatores causadores dos conflitos fronteiriços entre Portugal e Espanha na América do Sul, como, por exemplo, a fundação da Colônia de Sacramento. Por fim, explicamos a importância da Ilha de Santa Catarina para a navegação na Região Sul, tornando-a um importante porto naval português durante o século XIII.
No segundo período da aula, separamos os estudantes em grupos de três, distribuindo para eles os mapas selecionados. Pedimos a eles que, com base nas informações dadas durante a aula, descobrissem do que tratava esse mapa e produzissem então um pequeno texto ligando esses mapas com os conflitos luso-espanhóis e a importância naval da Ilha de Santa Catarina.
O terceiro período foi reservado à revelação para os alunos do que tratavam os mapas, falando da importância histórica que a ilha em que vivem teve naquele período, bem como fazer, por fim, os estudantes compreenderem a convergência de eventos, que ocorriam muito longe da ilha e que culminaram na invasão de 1777. O principal objetivo da atividade era fazer com que os estudantes pudessem observar a história de sua localidade dentro de uma história muito mais ampla e complexa.
Assim, sem imprevistos, executamos a atividade. No primeiro período, a maior parte dos estudantes se mostrou muito participativa, principalmente quando falávamos de algo já estudado; eles não demoravam em dizer que se lembravam de tal matéria. Aos poucos, utilizando o quadro e os mapas da América do Sul, fomos mostrando a eles onde cada coisa que estudavam se ligava com outra. Esse primeiro momento durou 30 minutos e foi bastante satisfatório, visto que os alunos estavam muito curiosos e gostaram de ver como cada coisa influía em outra.
A segunda parte da atividade foi um pouco mais trabalhosa, visto que, sempre que se juntam estudantes em um grupo, eles se dispersam rápido. Então, para manter a atenção, passávamos constantemente de grupo em grupo, fazendo perguntas, incentivando-os a se lembrar de uma ou outra coisa que haviam esquecido, dando pequenas ideias sobre o que seriam aquelas imagens e os fazendo manter o foco na atividade. Apesar de alguns estudantes não terem compreendido o que esperávamos deles, o fato de estarem em grupo fez com que uns explicassem aos outros. Além disso, tentamos, ao máximo, fazer com que os estudantes trabalhassem juntos para a formulação do texto, fazendo todos botarem/exporem suas opiniões acerca dos eventos.
Ao final dos 40 minutos, recolhemos os textos já finalizados e começamos a terceira e última parte da atividade: pegar todos esses fatos, eventos, mapas e inserir na vida do aluno, na figura da ilha em que vivem. Depois, fizemos a revelação do que tratavam os mapas e então falamos sobre a Invasão Espanhola de 1777. Mesmo antes disso, muitos estudantes já haviam percebido do que tratavam os documentos analisados; uma das estudantes, inclusive, acertou ao dizer, referindo-se à Fortaleza de Santo Antônio, localizada na Ilha de Ratones, que “essa fortaleza é inútil, só o que alguém precisaria fazer é invadir ela por terra”. Assim como ela, a maior parte dos estudantes havia compreendido que se tratava de defesas da ilha e que elas estavam preparadas para defender a ilha de uma invasão naval, mas eram inúteis contra um ataque por terra. Também conseguiram articular os eventos da Bacia do Prata com a luta entre portugueses e espanhóis e identificaram a importância da ilha nesse período. Concluindo, acredito que a atividade que realizamos cumpriu com o objetivo de fazer com que os estudantes realizassem uma análise de fontes, bem como conseguissem ver a história em seu dia a dia e na construção do lugar em que vivem.
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