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  • Foto do escritorPIBID HISTORIA UDESC

ENSINO REMOTO EM TEMPOS DE PANDEMIA: UM SITE RENASCENTISTA

Atualizado: 6 de out. de 2021


Participar do PIBID em meio ao atual contexto sanitário se tornou um grande desafio para mim, ingressei no programa em meados de abril de 2021 com uma certa ingenuidade em relação ao modo com que iriam ocorrer as atividades. Claro que já conhecia as propostas do programa devido a leitura prévia dos editais, porém com a entrada no programa e a experiência que adquiri nestes meses que fiz e ainda faço parte, posso sintetizar que esta experiência foi e continua sendo essencial em minha formação como docente. As dificuldades decorrentes da adaptação ao meio virtual não desvalorizaram as importantíssimas reflexões e aprendizados adquiridos no decorrer da minha permanência.

Gostaria de destacar o papel das monitorias às aulas remotas da professora Joseane que me ajudaram muito a entender as práticas de docência e o ensino de história, e que simultaneamente acabaram se articulando com as minhas leituras do curso de História, em específico da disciplina de Didática da História. Presenciar a articulação da prática docente nas aulas remotas e estudar as questões didáticas e teóricas do ensino de história foi um exercício fundamental como estudante da licenciatura, pois acredito que a participação no programa é uma etapa essencial para a familiarização ao ambiente escolar e às práticas didáticas, mesmo que em contexto remoto.

Apesar destes pontos positivos citados, considero que os negativos são fatores diretamente ligados à pandemia do COVID-19. Nas aulas via Google Meet ministradas pela professora Joseane, é perceptível que muitos alunos atendem as aulas e se esforçam, tiram suas dúvidas, participam e interagem com as propostas didáticas da professora ou dos bolsistas, entretanto, não temos uma participação tão abrangente e geral dos estudantes. Em muitas aulas a participação deles acaba sendo escassa, tem momentos em que a fala e as propostas didáticas da professora acabam se assemelhando a um monólogo. Deixo claro que isso não se trata de uma crítica aos alunos e a professora, muito pelo contrário, vejo que são fatores diretamente atrelados ao modelo remoto, pois todos tem sofrido com a pandemia e a decorrente adaptação ao ensino virtual, que limita os potenciais da elaboração das propostas de ensino e da participação discente. É muito notável o quanto o ensino remoto decorrente das circunstâncias já citadas, afeta negativamente o psicológico dos professores e alunos, e limita por partes o aprendizado deles, mesmo que abrindo novas portas para outras ferramentas e recursos didáticos.

Nos dias 29 de junho e 2 de julho, eu e o bolsista Marcelo conduzimos algumas aulas da professora Joseane sobre o período do Renascimento, utilizamos nos encontros o site criado por nós (https://renascerdarteocidental.wordpress.com/) e uma apresentação em slides contendo diversas obras do período, tendo presente nele algumas telas famosas como a “Mona Lisa” de Leonardo Da Vinci, “A Criação de Adão” de Michelangelo e trazendo esculturas como “Davi”, também de Michelangelo. Escolhemos este recurso didático pois com um site, podemos trazer um material extenso, mobilizar imagens, vídeos e textos de uma maneira muito intuitiva para quem estiver navegando por ele, demonstrando ser uma ferramenta ideal para o acesso deste conhecimento e contexto histórico selecionado por nós. O processo de desenvolvimento deste material acabou sendo uma grande experiência de aprendizado, uma vez que com as sugestões dadas pelos colegas e professoras ao apresentarmos a primeira versão do site no encontro semanal que realizamos, o material foi incrementado e aprimorado para se encaixar nas discussões feitas nas aulas remotas e a sua linguagem adaptada para o vocabulário dos alunos.

No primeiro dia, eu e meu colega nos revezamos entre o período matutino e vespertino, apresentei o site para a turma na manhã e Marcelo à tarde. O encontro se deu com uma introdução ao conteúdo e uma breve explicação sobre os antecedentes do período, já que a professora não havia trabalhado com a turma o período medieval ainda, em seguida contextualizamos os principais aspectos artísticos do período, o que surgiu de novo e a influência dos avanços tecnológicos na arte; posteriormente foi feita uma análise comparando algumas imagens que estão presentes no site, imagens religiosas do período medieval, algumas vindas do império bizantino, e obras do renascimento que também abordam a questão religiosa porém de maneira diferente, levamos em conta as diversas filosofias presentes no contexto em que cada obra foi produzida e apresentamos aos alunos o pensamento antropocentrista que surgira no contexto histórico relatado.

Após esse momento, foi apresentada aos alunos a aba do site sobre os antecedentes artísticos do renascimento, nela foram apresentadas algumas questões relacionadas à arte bizantina que já tinha sido mostrada anteriormente e ao estilo gótico, onde podemos perceber suas várias características, significados e simbolismos, traços de uma majestosa arquitetura; como exemplo, utilizamos no site duas construções, a Notre Dame de Paris e a Catedral de Canela no Rio Grande do Sul, esta última sendo um recorte mais próximo dos alunos, do qual mesmo tendo sida construída em outro período, traz várias características fundamentais da arquitetura gótica.

No segundo dia de nossa proposta didática, apresentamos para as turmas da manhã e da tarde um conjunto de slides com obras artísticas e destacamos seus aspectos estéticos, suas relações com acontecimentos históricos, como os processos de continuidades e rupturas do Renascimento e a propagação do cristianismo, e a questão pertinente das representações religiosas, mas o que mais me marcou foi a apresentação do quadro “Jogos Infantis” do artista Pieter Bruegel, pois com ela conseguimos mobilizar uma discussão bem interessante sobre a questão das permanências e a mobilização do passado com o tempo presente, uma vez que várias brincadeiras representadas no quadro pintado há 5 séculos atrás ainda se colocam presentes no conhecimento e no cotidiano dos alunos.

A mobilização das fontes artísticas em conjunto com os aprendizados históricos e os saberes prévios dos estudantes nos mostrou o quanto conseguimos tocar os alunos e os fazer refletir sobre as mudanças, permanências e rupturas históricas; mesmo que em um contexto remoto, vejo que a experiência desta proposta acabou sendo exemplar.


Por Enzo Grando

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