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Foto do escritorPIBID HISTORIA UDESC

HISTÓRIA DAS MULHERES: DA ERA VARGAS À ATUALIDADE

Atualizado: 14 de mai. de 2019

por Eduardo Muller e Geovanni Rocha, EEB José Simão Hess



A oficina intitulada “História das Mulheres: da Era Vargas à atualidade”, foi aplicada na Escola Estadual Simão José Hess, ao 9º ano do ensino fundamental. Elaborada em conjunto, pelos membros do PIBID-UDESC, o principal objetivo da atividade consistia em problematizar o papel das mulheres durante o período conhecido como Era Vargas, relacionando com questões atuais. A aula oficina parte do pressuposto de que é necessário verificar as ideias prévias dos alunos visto que os alunos partilham uma série de símbolos, valores e informações acerca da história que adquirem fora do espaço escolar.

Nesta oficina optamos por explorar alguns aspectos que envolveram as conquistas políticas das mulheres, como a reivindicação pelo direito ao voto. O contato com fontes históricas é indispensável para o saber e a formação dos alunos envolvidos com a oficina, para isso, selecionamos algumas imagens retratando a formação de uma sociedade de consumo, durante a década de 50. Do mesmo modo, disponibilizamos uma fonte impressa, uma reportagem do Jornal das Moças datado de 1939, para a análise em conjunto. Também separamos um vídeo ilustrando a década de 1930, no qual foi possível visualizar a luta pelo voto feminino. Além destas questões aprofundamos a discussão analisando o código eleitoral de 1932 e as constituições brasileiras, examinando as conquistas concretas das mulheres.

A luta pelo sufrágio feminino teve como protagonistas principalmente mulheres brancas de classe média/alta. Para não tornar a temática generalizante, exibimos exemplos de mulheres que comumente ficavam a margem da sociedade e ainda não tinham acesso ao voto, como mulheres pobres e migrantes (e analfabetas) que migraram para as cidades e para o sudeste durante a década de 50 e Antonieta de Barros, primeira afrodescendente a ocupar uma cadeira no legislativo catarinense, em 1937, um caso de exceção em seu tempo.

A oficina foi dividida em quatro momentos. Em um primeiro momento, levantamos as ideias prévias dos alunos acerca do contexto da Era Vargas. Em suma, a maior parte da sala contribuiu, elencando o que estavam aprendendo durante a disciplina de história com a professora titular, mencionando: informações sobre a Intentona Comunista (1935), o Estado Novo de Getúlio Vargas (1937) e o Departamento de Imprensa e Propaganda. Logo após contextualizar o período distribuímos para cada aluno uma matéria do Jornal das Moças, contendo uma narrativa a respeito dos tipos de mulheres ideais. Todos os alunos leram o material, porém, quando abrimos ao debate e à projeção de ideias, majoritariamente as meninas da sala participaram da discussão. Os meninos em sua maioria ficaram quietos, se manifestaram somente quando solicitado por nós bolsistas. Notamos um relativo desprezo por parte dos alunos, uma repulsa em refletir sobre o papel das mulheres e suas conquistas. As conversas paralelas foram frequentes durante essa primeira etapa da oficina.

Ao analisarmos a fonte, algumas alunas fizeram questionamentos bem pontuais, o que levou a uma breve reflexão em sala de aula, mas não obtivemos a participação efetiva da turma, que se portou de forma tímida durante a maior parte da oficina. Posteriormente, passamos o vídeo A luta pelo voto feminino no Brasil, da TV Senado. A produção trata da luta dos direitos das mulheres, bem como, a representatividade política, que começa a ganhar novas conotações, sobretudo a partir de 1932 com o código eleitoral. No entanto, não eram todas as mulheres que tinham direito ao voto. Por ter uma linguagem “política”, a maioria da turma pareceu não gostar do vídeo. Quando perguntado sobre o que acharam do vídeo, uma das passagens que chamou a atenção das alunas e alunos foi a parte que trazia a informação de que para as mulheres votarem precisavam da autorização do marido. De tal maneira, isso gerou incômodo fazendo com que houvesse questionamentos. Os alunos não se manifestaram sobre o vídeo.

No segundo dia de oficina, retomamos alguns pontos sobre a fonte apresentada no primeiro dia. Nesta parte, mostramos, utilizando o datashow, imagens retiradas de propagandas. No primeiro momento, propagandas das décadas de 40 e 50 – nas quais as mulheres eram vistas como pessoas do “lar” e “domésticas”. Sua função era de auxiliar o marido, este, o provedor da família classe média que estava se formando no Brasil, em meados da década de 50. A cada imagem, fomos questionando os alunos, indagando sobre possíveis interpretações. Há de se ressaltar a surpresa de grande parte da turma sobre as propagandas daquele recorte, a existência das empresas que permanecem até hoje em atuação. Ou seja, olhar para o passado e situar uma determinada marca de sabonetes ou de loção para o corpo, vendo que esses produtos já eram utilizados, fez com que os alunos sentissem curiosidade sobre as rupturas e permanências perceptíveis ao longo da história.

Abrindo um diálogo com o presente, trouxemos uma série de imagens que sustentam estereótipos em propagandas que circulam nos meios de comunicação atualmente. Se no início da Era Vargas e durante as décadas de 40 e 50, foi sendo desenhado o modelo ideal de mulher, baseado no espaço doméstico e na função de esposa e mãe, as propagandas atuais veiculam uma imagem de mulher baseada na sexualidade. As alunas notaram e teceram críticas ao padrão de beleza que é imposto pelas propagandas. Nesse momento, um aluno interveio e expôs sua opinião, dizendo que aquele tipo de mulher (retratada na imagem) gosta de dinheiro e, de forma generalizadora, não se propôs a refletir sobre as mulheres que não se enquadravam no padrão que as imagens forneciam. Novamente, as alunas participaram ativamente das discussões, enquanto os alunos ficaram imersos nas conversas paralelas e rindo do que estava sendo discutido.

Pressupomos que a participação dos alunos em um debate com o título de História das Mulheres, poderia gerar algum desconforto para os que opinassem. Pois, tal tema é visto de forma desqualificadora pela rede de sociabilidades na qual os mesmos estão inseridos dentro da escola. O silêncio por parte dos alunos, embora tenha nos incomodado durante a realização da oficina, pode ser um tanto revelador. Em uma futura inserção nessa temática, o essencial é que a abordagem seja feita de outra maneira, para atrair a participação dos alunos também, quebrando alguns paradigmas presentes na vida escolar.

De modo geral, tivemos lampejos de debates, sempre conduzido pela participação das alunas. Outro aspecto que constatamos com a atividade foi uma grande dificuldade na escrita por parte da maioria dos alunos, e que deve ser outro aspecto a ser enfocado em atividades futuras.

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